Fake News – luz no fim do túnel!
O tema das fake news entrou de vez na mídia nacional em função das eleições de 2016, nos Estados Unidos. E isto é muito bom na medida em que somos forçados a refletir sobre a questão e até modificar nossas ações frente a esse fenômeno. E ele não é novo. O que é novo é o potencial de disseminação da web 2.0 e das diversas redes privadas; temos uma compulsão por compartilhar qualquer coisa que nos dê alguma forma de compensação emocional, intelectual, afetiva etc., nem sempre checando a sua veracidade.
Um cuidado a se ter, neste momento, é relativo a iniciativas de autoridades visando, no curto prazo, à criminalização das chamadas fake news. Seria esse um caminho sustentável no longo prazo, ou algo como “enxugar gelo”, já que é impossível “controlar” o que se passa nas redes privadas, por exemplo?
A saída
O que estaria, então, nas mãos do consumidor de informação, consciente, para além da consulta às agências de fact-checking? Já se disse que o termo fake news vem sendo utilizado de forma equivocada para qualificar qualquer coisa publicada que transpire falsidade – news se refere a notícia, em inglês. E é aí que podemos começar a encontrar um caminho, ainda que no longo prazo.
É compreendendo melhor o que são as boas práticas do Jornalismo, além do que move o ser humano na sua leitura do que o cerca, suas decisões, que poderemos nos proteger das “armadilhas” que camuflam a verdade. Temos, então, dois caminhos: o do reconhecimento daquilo que se denomina 'vizinhança' do Jornalismo (pode se confundir com ele) e o conhecimento de nós mesmos, nossos vieses, inclinações, etc. que nos compelem a aceitar ou recusar uma informação.
Jornalismo e seus 'vizinhos'
O Jornalismo se caracteriza por veicular informações pontuais, de interesse público, submetidas a um processo de investigação e com alguém, independente, respondendo por isso.
Já os chamados 'vizinhos' do Jornalismo se aproveitam da sua credibilidade e veiculam informações onde NÃO se supõe a presença de vários elementos como a investigação – caso da propaganda, por exemplo; a responsabilidade – caso da informação “bruta” passada por anônimos em entrevistas, vídeos etc.; a independência – caso do conteúdo patrocinado, por exemplo. Na falta de um desses elementos, é preciso examinar cuidadosamente a informação antes de tomar decisões. Um outro aspecto que pode nos ajudar a determinar sua credibilidade são as fontes – e isso vale para qualquer atividade profissional que implique pesquisa. Com uma boa dose de pensamento crítico, é possível checar a independência da fonte, a confirmação do fato em outros meios, a credibilidade do emissor da notícia.
Comportamento
No que se refere ao comportamento humano diante da notícia (ou do que quer que seja publicado), vale refletir sobre dois conceitos: o de dissonância cognitiva – conflito mental que ocorre quando novas informações contradizem nossas crenças, valores etc. e o de viés de confirmação – tendência a aceitar informações que confirmam nossas crenças e a negar aquelas que as desafiam. Da mesma forma, vale aprender a identificar os padrões de comportamento da própria mídia que indicam possíveis vieses.
Há uma luz no fim do túnel!
No longo prazo, não precisaremos mais de leis que nos protejam da desinformação, das inverdades. Teremos aprendido a identificá-las (e combatê-las), por meio da educação para o uso da informação e das mídias sociais! Algo que já se faz na Europa e Estados Unidos e que precisamos reforçar (muito) no País.
Você vem pensando nessa questão com o foco em Educação? Vamos conversar?!
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